Unidade ABS Bosch 5.7
O nome Bosch já é bem conhecido no mundo automóvel. Se abrir o capô de um automóvel qualquer deparar-se-á certamente com o respetivo logótipo ou marca sobre vários dos componentes elétricos. É bem provável que um destes componentes seja a unidade de ABS, já que a Bosch, em conjunto com a ATE, detém quase a total exclusividade dos sistemas de ABS dos veículos modernos.
Desde 1978 que a Bosch fabrica sistemas de ABS, mas só a partir de 1993 é que o ABS ECU se tornou verdadeiramente importante, pois foi nesse período que os fabricantes de automóveis começaram a considerar com seriedade várias maneiras de tornar os veículos mais seguros. Foi assim a partir desta data que os airbags, por exemplo, começaram a ser montados em grande escala. No entanto, só em 1998 é que 50% dos novos veículos contavam com ABS instalado. A Bosch lançou o Bosch 5.7 nesse ano. Este tipo foi desenvolvido de forma a tornar-se o sistema com maior sucesso até aos dias de hoje.
Quais são as avarias mais comuns?
Quando mais um aparelho for usado, também surgem com a sua utilização vários tipos de avarias. Não queremos dizer com isto que o Bosch ABS 5.7 é um produto pouco fiável, mas conhecemos os seus pontos fracos. Não existe um ponto exato para o qual se possa apontar um defeito no ABS 5.7, mas as queixas são bastante diversificadas e, por vezes, igualmente específicas para determinadas marcas automóveis. Muitas das reclamações também estão relacionadas com a maneira como a unidade é instalada num determinado veículo. Mas é claro que detalhes e exemplos práticos são muito mais divertidos do que uma mera descrição, certo? Apresentamos dois exemplos:
Mercedes-Benz, Sprinter -2006
Constatámos que a unidade de ABS incluída no Mercedes-Benz Sprinter apresenta inúmeros defeitos resultantes de fugas de líquido. O líquido penetra nos componentes e provoca humidade, e curto-circuitos. A principal causa destas fugas é o obturador do limpa para-brisas que foi perigosamente colocado na proximidade da unidade de ABS. Não é necessário explicar por que razão é que nos deparamos frequentemente com fugas de líquido no ABS 5.7 desta carrinha.
BMW, nomeadamente a série 5 E39
Ainda não temos uma explicação clara, mas é frequente recebermos muitas queixas sobre os sensores de roda das centalinas (ECU) do BMW, embora os sensores estejam em boas condições. Neste casos, deparamo-nos sempre com os mesmos defeitos (reparáveis). Temos uma forte suspeita de que a ECU está sujeita a demasiadas flutuações de temperatura e vibrações. Aliás, até pode fazer uma grande diferença caso a centralina (ECU) de ABS seja montado noutro local ou de outra forma sob o capô.
Tal como pode ver nos exemplos acima citados, tanto as reclamações como as marcas de automóveis onde se aplicam estas situações são bastante diversificadas. A causa do problema advém frequentemente da posição de montagem no automóvel. Por conseguinte, não procure sempre a causa automaticamente junto da própria unidade de ABS, pois existem demasiados fatores externos que podem influenciar o funcionamento da mesma.
A lista de códigos de erro que vemos chegar é simplesmente demasiado longo para ser colocada aqui, mas podemos tentar oferecer alguma clareza. O sistema ABS é normalmente visto como parte integrante do chassis, e é por essa razão que estes códigos de erro são frequentemente exibidos com a letra “C”, seguidos de quatro algarismos. Os códigos entre C1000 e C1999 são específicos das marcas e diferenças interligadas, mas também vemos frequentemente os códigos C10XX e C12XX.
A BMW tem os seus próprios códigos de erro formados por dois carateres. Por exemplo, o código de erro 34 diz respeito a um sensor de roda, pelo que o código de erro 15 está relacionado com o motor da bomba.
O grupo VAG optou por ter códigos com 5 algarismos que quase sempre começam com um “0” ou “00”. É frequente vermos os erros 00287 e 00301 (sensor de roda e motor da bomba).
Assim sendo, queremos aconselhá-lo que caso se depare com erros de CAN, deverá primeiro verificar se o erro não se encontra noutra parte do veículo e se a centralina (ECU) ABS está realmente avariado. É frequente recebermos peças que não têm quaisquer problemas.
O processo de refabricação
A unidade de ABS é primeiro grenalhada para que tenha um aspeto novo, sendo depois fresado em aberto para se poder verificar a placa de circuitos. A placa de circuitos é desmontada e retira-se o gel de proteção, de seguida procede-se a um diagnóstico alargado de todas as peças. Depois de verificar se o conetor, as bobinas, o bloco de relés e os restantes componentes se encontram em ordem, centramos a nossa atenção na placa de circuitos.
Na borda desta placa de circuitos podemos ver diversas uniões e uniões douradas que ligam o conetor à placa de circuitos. Caso uma dessas uniões apresente uma avaria, então a fila completa de uniões tem de ser retirada para se poder efetuar uma nova interligação. Ao contrário dos pequenos projetos que por vezes recebemos, não efetuamos qualquer reparação, aplicando apenas soldaduras. Temos aparelhos especializados que conseguem fazer novas ligações através da união por ultrassons. Isso torna a nossa refabricação fiável e de qualidade mais elevada em oposição às intervenções amadoras que vemos com frequência. Todos os tipos de ABS 5.7 têm o seu próprio programa de união, descrito por nós, que criam as ligações perfeitas no local certo. O resultado é uma centralina (ECU) ABS cujas ligações são até mais resistentes e fiáveis com relação a de uma unidade nova.
Após a reparação das ligações, a placa de circuitos recebe um gel especial, sendo de seguida montada uma tampa especialmente concebida a nível interno. Asseguramos uma solução de qualidade para tapar a placa de circuitos. Desta forma, o conjunto fica melhor protegido contra influências externas e isso aumenta a sua longevidade.
Segue-se a realização do teste. Esta é talvez a fase mais engraçada de todo o processo, já que o programa de teste Vision foi totalmente desenvolvido e construído a nível interno. O programa de teste consegue simular a totalidade do veículo, inclusive o botão para desligar o ESP. As velocidades de cada roda podem ser ajustadas individualmente e todos os dados CAN ficam visíveis de forma detalhada. Também as ações do pedal de travão podem ser simuladas através do programa. E os códigos de erro? Estes apresentam limites em termos de leitura e apagamento. O ambiente de teste faz com que tanto nós como o cliente confiemos na refabricação efetuada, sendo isto um dos nossos grandes motivos de orgulho.
Adicionalmente, deparamo-nos com muitos outros defeitos que não se ajustam ao processo de refabricação padrão, mas que conseguimos reparar. Também desenvolvemos soluções de qualidade para estes casos.
Detalhes do módulo ABS Bosch 5.7
O módulo Bosch 5.7 é composto basicamente por três partes: o motor da bomba, a unidade hidráulica (HCU) e a centralina (ECU). Em conjunto asseguram o funcionamento do sistema e as peças também não conseguem funcionar uma sem a outra. Vamos passar a explicar o funcionamento de cada unidade e o sistema ABS como um todo.
O motor da bomba
A única função do motor da bomba consiste em manter a pressão de todo o sistema de travagem. O ABS é um sistema que usa uma ou mais pinças de travão para, em conjunto e num curto espaço de tempo, deixarem evacuar a pressão de travagem para que a pinça de travão permita que o disco de travão permaneça solto temporariamente. Quando a pressão voltar a acumular, a evacuação é interrompida e o motor da bomba volta a oferecer pressão ao sistema. Este processo é repetido dez vezes por segundo logo que uma ou mais rodas percam a aderência. Isto também assegura a sensação de vibração no pedal de travão assim que o sistema ABS entra em ação.
Sabias que…?
Recebemos regularmente pedidos de reparação cuja opção de resposta à pergunta de se o motor da bomba apresenta problemas é “sim”. É importante saber se existem queixas quanto à bomba de pressão preliminar e quanto à bomba de retorno. A bomba de pressão preliminar é controlada por uma função da placa de circuitos na centralina (ECU). Recebemos queixas sobre a bomba de pressão preliminar, pelo que nos parece abordar este assunto. Estas queixas não estão especificamente relacionadas com um motor de bomba avariada, sendo que temos uma solução sólida para este tipo de problemas.
Unidade hidráulica (HCU)
HCU significa “Hydraulic Control Unit” (Unidade de controlo hidráulico). A HCU é um grande bloco de alumínio maciço composto por vários canais e válvulas, e são estes canais e válvulas que garantem o funcionamento do ABS. As válvulas deste bloco conseguem abrir os canais de escoamento através dos quais a pressão desaparece temporariamente das pinças de travão. Felizmente, estes canais permanecem sempre fechados quando se encontram na posição de repouso. Por conseguinte, não tem que recear que o sistema de travagem deixe de funcionar sempre que ocorra uma avaria: o sistema é “foolproof” (infalível) e em caso de avaria o veículo apenas passa a funcionar como um veículo antigo sem ABS: os travões funcionam normalmente.
Ao aprofundar ainda mais o funcionamento desta Unidade hidráulica (HCU) vemos 8 “pinos” salientes (12 no caso do ABS com função ESP). São estes pinos de atuador que conseguem abrir e fechar os canais. As bobinas que se encontram na parte inferior da centralina (ECU), caem sobre estes pinos durante a montagem e enquanto a centralina (ECU) coloca uma bobina sob pressão, o pino é pressionado para baixo pelo forte campo magnético da bobina. Esta ação abre uma válvula através da qual um dos canais com líquido de travões deixa temporariamente de permanecer fechado. Quando a pressão desaparece, o pino salta de novo para cima e o canal de derivação respetivo é fechado automaticamente.
Em muitos dos casos, o sensor de pressão é montado na parte inferior da HCU. Este sensor mede continuamente a pressão do líquido no sistema e isso é muito importante para o motor da bomba. O motor da bomba não funciona continuamente, mas presta apoio assim que deteta uma pressão demasiado baixa. Sem um sensor em bom funcionamento, a tensão do líquido não consegue manter a pressão.
A centralina (ECU)
A ECU é, sem dúvida, o cérebro da unidade. São introduzidas várias entradas de sensores, entre as quais aquelas provindas dos sensores de roda e do respetivo sensor de pressão. Dependendo do valor, a centralina (ECU) decide sobre que ação deve empreender e direciona os atuadores necessários. A centralina (ECU) gere a unidade hidráulica (HCU) e o motor da bomba. Tal como previamente dito, a centralina (ECU) dispõe de bobinas na parte inferior. Ao colocar estas bobinas sob pressão, a ECU consegue assegurar que os pinos dos atuadores são empurrados para baixo de forma a fazer fluir o líquido dos travões.
No caso do ESP, a centralina (ECU) ainda tem mais para fazer. As entradas do sensor de ângulo de viragem e do sensor de ângulo de guinada devem ser comparadas entre si de forma a determinar se o veículo executa um ângulo de torção realista. Caso o veículo assuma um ângulo de torção superior ou inferior ao previsto através do valor do ângulo de viragem, então trata-se de uma subviragem ou de uma sobreviragem. O ESP pode corrigir ambas as situações através da desaceleração de uma ou mais rodas, de forma a obter o ângulo de torção (ângulo de guinada) desejado. O sistema ABS desacelera uma ou várias rodas de forma totalmente independente, sem que o pedal de travão seja acionado.
Desmontagem da unidade ABS
Antes de iniciar a desmontagem, aconselhamos que desligue e ligue a bateria para que o conjunto de ABS seja novamente montado. Também é do conhecimento geral que existem veículos cujo sistema de ABS ECU tem de ser novamente aprendido. Lembre-se disso quando efetuar a montagem. Depois de desapertar a ficha, deixe o líquido de travões sair e só depois inicie a montagem.
A desmontagem difere bastante por tipo de veículo. Consulte a documentação disponível do fabricante do veículo em causa.